Na reunião, foi consenso entre todos garantir o retorno das atividades de internato para os alunos com segurança e qualidade. No entanto, faz-se necessário uma programação cuidadosa com a construção de um planejamento estratégico para este fim. Levando em consideração que a situação da pandemia no estado do Acre ainda não está controlada, o desafio está entre retornar às atividades acadêmicas e garantir a devida segurança aos acadêmicos, que, em virtude da pandemia, contam com cenários de prática funcionando com somente 30% de sua capacidade.
Nessa situação, vários profissionais médicos estão afastados de suas atividades, por motivo de doença ou por serem do grupo de risco. Além da redução importante na demanda de pacientes ambulatoriais com outras doenças, bem como de cirurgias eletivas, onde toda a rede de assistência à saúde teve de ser modificada em virtude da pandemia, o que reflete em vários obstáculos para os alunos do curso de Medicina.
"A preocupação é que, sem essas atividades, os alunos não poderão se formar e, consequentemente, muitos não conseguirão realizar provas de residência médica e também adentrar no mercado de trabalho", ressalta Dra. Jene Greyce, que também é docente do curso de Medicina e conselheira do Conselho Federal de Medicina (CFM) membro da Comissão de Ensino Médico. "Como se dará o ensino médico em todo o mundo pós-pandemia? Inovações tecnológicas se fizeram surgir e estão sendo adotadas para diminuir o impacto da falta de assistência em saúde da população, tais como a liberação do recurso de telemedicina pelo Conselho Federal de Medicina, e, mais especificamente na área de educação médica, através do ensino remoto", ressalta.
De acordo com o acadêmico da 15ª turma, Diego Musial, "problemas com campos de prática são existentes há algum tempo, sendo que a pandemia somente acentuou algumas questões". O docente Dr. Rodrigo Silveira concorda que "a pandemia trouxe a necessidade de se reinventar o modo como se fará a assistência à saúde".
Nessa premissa, acordou-se ser viável a proposta de retorno às atividades práticas de, pelo menos uma das turmas do internato (Med XV), de modo a não sobrecarregar o sistema e não prejudicar a formatura dos alunos, que se mostraram cientes da responsabilidade de adoção de todas as medidas de biossegurança cabíveis.
Ao fim da reunião, decidiu-se pela criação de uma comissão para elaboração de planejamento estratégico emergencial de modo a estabelecer fluxos e cronogramas para retorno às atividades práticas, com objetivo de apresentação e discussão junto à Secretaria Estadual de Saúde (SESACRE). Por fim, a reitora Profa. Margarida Aquino enfatizou o papel da autonomia universitária e que as decisões do colegiado do curso de Medicina serão respeitadas, sempre priorizando a segurança dos acadêmicos da universidade.